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(esta história é baseada em fatos reais)
Hoje pode ser que ninguém acredite em mim, muitos acham que eu sou
louco, ou que apenas esteja inventando uma história qualquer para contar
vantagem sobre alguma coisa. Independente do que os outros acham, eu
tenho certeza do que aconteceu naquela noite quente de novembro, a
muitos anos atrás.
Meus olhos se abriram, eu estava deitado em
minha cama, era uma cama de solteiro, afinal eu era um jovem estudante e
morava sozinho em um apartamento perto da faculdade. Lembro-me de
acordar assustado e transpirando muito, deveria estar tendo algum
pesadelo que não recordo agora qual era.
Estava deitado de barriga para cima, com a mão e braços cruzados
sobre o peito, como uma múmia em um sarcófago, a janela estava
entreaberta e uma leve brisa noturna balançava a cortina do meu quarto,
este balançar da cortina deixava a claridade da iluminação da rua
entrar.
Olhei para o lado, em cima do criado mudo, meu relógio marcava três
da manhã. É incrível como esse horário me persegue. São raras as vezes
que acordo de madrugada, mas se eu acordo, com certeza são três da
manhã. Sempre a mesma hora, ela nunca muda.
Ainda deitado na cama, na posição de sarcófago, percebi que a porta
do meu quarto estava aberta, e conseguia ver a mesma luz de cortina
balançando refletindo na parede da sala. Mas o que me perturbou aquela
noite, não era o que eu conseguia ver, na verdade era o que eu não
estava vendo, era um pressentimento ruim, uma presença escura, o mal
voltara a terra, e estava em meu apartamento.
Subitamente, sem eu ainda ter notado qualquer coisa estranha, um
pavor terrível tomou conta de mim. Foi instantâneo, rápido e sem aviso.
Tentei me mexer na cama, tentei levantar e não conseguia. Estava
paralisado. Só restava olhar.
E eu olhei, olhei apavorado através da porta, a escuridão da sala, e
percebi que o breve balançar da cortina não estava mais lá. A sala
estava envolto nas trevas, e eu olhava aquela penumbra, e o pavor tomou
controle dos meus pensamentos. Lembro de tentar mover cada parte do meu
corpo separadamente, tentar mover o pé, a cabeça, nada acontecia, nem
sequer um dedo se movia. Estava desesperado, tentei falar algo, minha
boca não abria, tentei gritar, o som saia em murmúrios e grunhidos,
minha boca estava lacrada.
E a escuridão da sala me observava, me fitava, estava me testando,
vendo do que eu era capaz. E eu soube que Ele estava la, soube no
momento que os sussurros começaram. Ele deveria estar questionando se eu
teria forças para sair daquela paralisia, e na minha mente eu escutava
seus murmúrios. Ele ria de mim, ria da minha fraqueza, do meu desespero.
Apenas sussurros em minha cabeça.
Lutei por vinte minutos contra aquele terror, lutei com toda a força
que eu tinha, minutos que duraram séculos. Eu esperei o fim, minha vida
iria acabar e eu morreria de forma covarde, sem ter conseguido me
defender.
Por fim minha boca abriu, minhas pernas se mexeram e meus braços
deixaram a posição de sarcófago. Olhei apreensivo para a sala, a
escuridão havia sumido, a luz que passava pela cortina balançando voltou
a iluminar a parede. Eu levantei da cama e fechei a porta do meu
quarto.
Até hoje me pergunto o que foi aquilo. Uma brincadeira? Um teste?
Qual o motivo? Será que Ele estava recrutando novos seguidores? Ou
eliminando aqueles que poderiam Lhe causar algum mal no futuro?
Seja qual for o motivo, eu fui descartado. Minha fraqueza não
permitiu que eu lutasse contra a paralisia e o terror. Fui fraco. E por
causa desta fraqueza, hoje sou considerado louco quando conto minha
história.
E desde aquele dia, nunca mais dormi com a porta do meu quarto
aberta. E as vezes, quando acordo de madrugada, as três da manhã, parece
que vejo a sombra de pés no vão em baixo da porta. Uma assombração que
nunca vai embora.
É o preço que tenho que pagar, por não ter passado no teste do Vampiro.